sexta-feira, maio 20, 2005

A arquitectura Bizantina-eslava

Em 989 o Império Bizantino vivia uma situação complicada, com o poder dos dois irmãos imperadores, Basílio e Constantino, a confrontar-se com a sublevação do General Bardas. Por outro lado, o império estava a ser atacado por búlgaros, sérvios e russos.

Desejosos de poder aliviar a pressão, os dois imperadores propõem uma aliança ao chefe russo, Vladimiro de Kiev, que já lhes tinha conquistado a cidade de Querneso, na Crimeia (perto da actual Sebastopol). Ana, irmã dos imperadores é dada em casamento a Vladimiro, que se compromete a converter ao cristianismo ortodoxo bizantino, o que aliás faz, ainda em Querneso.

De regresso a Kiev, Vladimiro e Ana, mandam construir a Igreja de Santa Sofia (terminada em 1037), um templo de 5 naves e 5 ábsides (a igreja deste Mosteiro de S. Miguel terá 7 ábsides) coberto por cúpulas e decorado por mosaicos. Esta igreja torna-se no modelo dos templos ortodoxos, que rapidamente se vão construindo por diversos pontos do império russo (Novgorod a seguir, depois Moscovo).

Curiosamente, em 1473, Ivan III, imperador russo já instalado em Moscovo, casou com Sofia, sobrinha do último imperador bizantino (Constantinopla foi conquistada pelos turcos otomanos em 1453) e passou a considerar-se herdeiro do império bizantino e a usar como bandeira, a águia bicéfala. Um dos seus sucessores, Ivan IV, o Terrível, tomou o título de Czar, ou seja – César!

É assim que a arquitectura (e não só) bizantina se expande para o Norte eslavo, “conquistando” o império russo. Uma arquitectura dominada pelo gosto de um espaço imenso, em que a massa joga com a luz e a cor. Espaço e estabilidade serão talvez os dois valores maiores. Se Santa Sofia de Kiev é a “mãe” dos templos ortodoxos russos, Santa Sofia de Constantinopla é a “mãe” de todos os templos bizantinos ortodoxos. Justiniano Augusto, quando a viu construída, terá dito: “Salomão, venci-te!”.

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